domingo, 27 de maio de 2012

Aterosclerose e Radicais Livres


O que é aterosclerose?

   A aterosclerose é uma doença crônica, causada pela deposição de gorduras, colesterol, cálcio ou outras substâncias encontradas no sangue nas paredes das artérias, formando uma placa de ateroma. É mais freqüente de acometer as artérias coronárias; porém, pode ocorrer no cérebro, coração, rins, intestino, membros superiores e inferiores e outros órgãos também sendo responsável por doenças severas como a doença da artéria coronária, que resulta em angina, infarto do miocárdio, morte súbita, doença vascular cerebral (AVC) e outras doenças isquêmicas.

Porém o que essa enfermidade tem a haver com radicais livres?

   Estudos no final dos anos 80 demonstraram que radicais livres de oxigênio oxidam o LDL (low-density lipoprotein-cholesterol) culminando na formação de células defeituosas que chamam a atenção das células imunológicas, os macrófagos, que fazem um serviço de limpeza no organismo, engolindo uma molécula de colesterol atrás da outra. Essas células, contudo, são convocadas para recuperar eventuais machucados na parede dos vasos e, chegando ali, muitas vezes estouram, espalhando o conteúdo oxidado pela lesão. Isso atrai mais macrófagos para o lugar que ,por sua vez, provoca a formação de uma placa de ateroma.

   Outra teoria para a formação da aterosclerose é a que fala sobre lesões endoteliais nas artérias, nestas lesões há afluxo de macrófagos; quando ativados, liberam radicais superóxido, peróxido de hidrogênio e enzimas hidrolíticas. Estes produtos, além de lesar células vizinhas, estimulam a proliferação de músculo liso subendotelial. A lesão pode ser exacerbada pela fumaça do cigarro que, por ser rica em ferro, catalisa a oxidação de lipoproteínas de baixa densidade (LDL). Tal oxidação estimula a internalização de colesterol nos macrófagos, os quais, conseqüentemente, se convertem em células espumosas, contribuindo para a formação da placa de ateroma.

   Estudos in vivo também mostraram que vitaminas antioxidantes, atuam contra os radicais livres e impedem a oxidação do LDL, esse mesmo estudo indicou que a vitamina E (encontrada em óleos vegetais - amendoim, soja, palma, milho, cártamo, girassol, etc. -  e o gérmen de trigo) previne doenças nas artérias coronárias, sendo que os efeitos antioxidantes da vitamina E parecem ser potencializados quando ela é ingerida junto a outros antioxidantes, como a vitamina C por exemplo.

Maneiras de se combater a aterosclerose:

   Mudanças no estilo de vida incluem alimentação saudável com baixo nível de gordura saturada, colesterol e menos sal. Isso significa que se deve dar mais atenção às frutas, verduras e legumes, e reduzir o consumo de produtos industrializados. O fumo deve ser terminantemente abandonado, e as atividades físicas devem fazer parte do dia-a-dia. Perder peso é indispensável nesse processo.
Os medicamentos indicados são aqueles que diminuem o nível de colesterol ruim (LDL) e controlam os níveis da pressão sanguínea. Também podem ser prescritos anticoagulantes e as drogas chamadas antiplaquetárias, que visam a afinar o sangue e assim diminuir a possibilidade de formação de coágulo nas placas de gordura. Nos casos mais graves, a melhor opção pode ser a cirurgia ou a angioplastia.

Fontes:







segunda-feira, 21 de maio de 2012

Uma relação entre dieta hipercalórica e envelhecimento

Entendendo alguns mecanismos metabólicos que regem o relógio da vida 


                Os radicais livres são entidades químicas que gozam de uma grande amplitude de atuação na fisiologia do corpo humano e uma vez analisados à luz da bioquímica fica evidente que a harmonia do metabolismo encontra-se a mercê do equilíbrio entre os radicais livres e os antioxidantes. Uma vez perturbada a devida proporção desses elementos gera-se um fenômeno conhecido como estresse oxidativo cujas causas são das mais variadas.
                O presente texto tem como desígnio explorar as dietas hipercalóricas como um fator de geração de estresse oxidativo e a sua consequente influência no processo de envelhecimento.
                Experiências que remontam à década de 30 conduzidas com camundongos já ofereciam evidências empíricas da relação entre um menor consumo de calorias com um aumento da longevidade. Em um desses experimentos percebeu-se que os roedores submetidos à restrição alimentar sobreviveram 50% a mais do que aqueles que foram providos de uma dieta ad libitum (sem restrições).


                Tal experimento, entretanto, dava margem para a seguinte interpretação: os ratos submetidos à dieta ad libitum eram providos de um maior acúmulo de gordura, seria então a gordura ou a maior ingestão calórica a responsável pela perda de longevidade? A fim de por termo a essa dúvida realizou-se o seguinte experimento: ratos com genes para obesidade e ratos normais foram submetidos a uma mesma dieta de modo que ao final do processo percebeu-se que os ratos com tendência a engordar possuíam um maior acúmulo de gordura corporal que os ratos normais, entretanto ambos os grupos apresentaram a mesma longevidade. Tal fato evidencia que não o percentual de gordura corporal, mas sim a ingestão calórica o fator fundamental na determinação da longevidade.
                A produção de radicais livres, ao contrário do que se pensou durante muitos anos, não é motivada apenas por fatores externos ao organismo, mas também ocorre no interior da máquina orgânica. As mitocôndrias configuram-se como compartimentos no interior das células nos quais há uma expressiva produção de radicais livres oriundas do processo de produção de energia a partir de biomoléculas presentes na alimentação.
                De uma forma sucinta e didática pode-se resumir a produção de radicais livres no interior da mitocôndria da seguinte maneira:
                Os elétrons provenientes dos nutrientes são abrigados em moléculas de NADH e FADH2 para então serem conduzidos ao longo da cadeia respiratória na qual terão que passar por uma série de proteínas presentes na membrana interna da mitocôndria. Ao longo desse trajeto o elétron estimula o bombeamento de prótons para o espaço intermembrana gerando assim um gradiente de concentração que é parcialmente desfeito pela enzima ATP sintase em prol da síntese de ATP. Ao final do processo o elétron tem como aceptor final o oxigênio, que juntamente com o hidrogênio presente na matriz mitocondrial produz água.
                Entretanto, o processo em questão é passível de falhas de tal sorte que o elétron “fuja” da cadeia respiratória antes de concluir todo o seu trajeto, sendo a ocorrência de tal fenômeno mais provável no sítio do complexo I ou da coenzima Q. Uma vez que isso tenha ocorrido, o elétron reage com o oxigênio molecular, reduzindo-o a ânion radical superóxido.

                Dessa forma, uma maior quantidade de nutrientes que sirvam de matéria prima para a produção de energia consequentemente aumentará a ocorrência da cadeia respiratória e ao mesmo tempo a probabilidade de se gerar radicais livres por meio do mecanismo descrito anteriormente. A partir disso, fica evidenciada a relação entre uma dieta hipercalórica com uma maior produção de radicais livres.
                Os radicais livres produzidos ao longo desse processo são portadores de uma farta reatividade, o que os fazem potencialmente nocivos para outras moléculas constituintes da estrutura e do metabolismo celular. Dessa forma, tais entidades atuam como aceleradores do processo de envelhecimento celular e consequentemente do processo de envelhecimento orgânico.
                Para fechar o raciocínio aqui exposto devemos entender que ao longo do processo evolutivo o metabolismo humano foi desenhado para permanecer durante certos períodos privado do consumo de calorias. A vida moderna oferece ao homem contemporâneo a possibilidade de consumir refeições de elevador teor calórico e com relativa regularidade, sobrecarregando assim certas vias do seu metabolismo de modo a gerar estresse oxidativo.



Fontes:






domingo, 20 de maio de 2012

Conhecendo os radicais livres


Embora ainda se saiba muito pouco sobre os radicais livres, houve um grande avanço nessa área de pesquisa em relação ao século passado. Esse avanço tem norteado novas pesquisas em relação aos efeitos dos radicais livres sobre os organismos vivos.
Radicais livres são moléculas que possuem elétrons desemparelhados, que dão características paramagnéticas a essas moléculas. Ou seja, essas moléculas ou átomos são capazes de causar alterações em um campo magnético. Devido ao fato de possuírem elétrons desemparelhados, essas moléculas se tornam altamente instáveis e reativas, participando de diversas reações dos organismos vivos, com a finalidade de alcançar a estabilidade.

Os radicais livres não são apenas obtidos do meio externo e nem são apenas produzidos pelo próprio organismo, mas sim, são obtidos de ambas as formas. Dentro da célula, o principal sítio de produção de radicais livres é a mitocôndria. Tal produção ocorre devido à redução incompleta de O2 na cadeia transportadora de elétrons. Uma pequena parcela de oxigênio usada na cadeia transportadora de elétrons recebe um elétron e torna-se o radical superóxido. O superóxido associado com a enzima superóxido dismutase dá origem ao peróxido de hidrogênio, água oxigenada. Quando o peróxido de hidrogênio se associa com o átomo de ferro, ganhando um elétron, há a formação do radical hidroxila, que reage indiscriminadamente com moléculas orgânicas do organismo. Esse processo é conhecido como reação de Fenton.
 Alguns fatores podem ser geradores de radicais livres como, por exemplo, os herbicidas, os antibióticos, os poluentes do ar, os raios X, os raios ultravioletas, o cigarro, o álcool, os alimentos, próprio metabolismo do oxigênio no organismo e até mesmo doenças como diabetes e artrite reumatoide, que produzem grandes quantidades de radicais livres.
Muitos efeitos do excesso dos radicais livres sobre o nosso organismo são deletérios, estando relacionados ao envelhecimento, à morte celular, à formação de aterosclerose, aos efeitos sobre o sistema digestivo, nervoso e respiratório e ao câncer. Os efeitos, no entanto, não são sempre maléficos. Os radicais livres são utilizados pelos mecanismos de defesa organismo para combater agentes estranhos e células tumorais. Além disso, os radicais livres estão associados a vias de sinalização, sendo, portanto, fundamentais para o organismo. Um exemplo é o óxido nitroso, que é uma espécie reativa de nitrogênio, mas, ao mesmo tempo, é de extrema importância para o funcionamento do sistema imunológico e para a dilatação dos vasos sanguíneos.
Os efeitos dos radicais livres podem ser minimizados pela ação dos antioxidantes, que controlam os níveis desses radicais, diminuindo os efeitos deletérios dos radicais sobre o organismo. Esses antioxidantes podem ser definidos como enzimáticos e não enzimáticos. A superóxido dismutase, a catalase, a NADPH-quinona oxidorredutase, a glutationa redutase e as enzimas de reparo são exemplos de antioxidantes enzimáticos.  A vitamina E, a vitamina C, o beta-caroteno, os flavonoides, algumas proteínas do plasma, o selênio, a glutadiona, a clorofilina, a L-cisteína e a curcumina são exemplos de antioxidantes não enzimáticos.
Os antioxidantes podem ser obtidos pela dieta. Alguns alimentos que contribuem para a obtenção desses antioxidantes são mamão (rico em beta-caroteno), brócolis (rico em flavonoides), laranja (rica em vitamina C), chá (rico em catequinas), vinho (rico em quercetina), cenoura (rica em beta-caroteno), tomate (rico em carotenoides), uva (rico em ácido elágico), salsa (rico em flavonoides), morango (rico em vitamina C), curry (rico em curcumina), noz (rico em polifenois), espinafre (rico em clorofilina) e repolho (rico em taninos).


Fontes:
http://www.scielo.br/pdf/rn/v12n2/v12n2a01.pdf