O senso
comum tende ao raciocínio de que os snacks (lanches tais como pipoca, batata
frita e bolacha) nada tem a acrescentar de positivo do ponto de vista
nutricional à dieta de um indivíduo, haja vista que muitos desses alimentos são
exageradamente ricos em gordura, açúcar e sódio. Tal lógica é provida de
fundamento até certo ponto, não obstante há descobertas que contestam essa
visão e hoje irei falar acerca de uma delas.
Há
poucos meses foi noticiada uma pesquisa que afirmava que a pipoca chegava a ser
mais rica em um tipo de antioxidante, os chamados polifenóis, do que
certas frutas e verduras. Tamanha abundância desse composto se dá pelo fato de
que na pipoca a sua concentração é maior, haja vista que a pipoca tem uma baixa
concentração de água (4%), enquanto que nas frutas e verduras os polifenóis
encontram-se mais diluídos (frutas e verduras tem em torno de 90% de água).
É
conveniente ressaltar que os polifenóis aludidos na pesquisa também estão
presentes no vinho (principalmente no vinho tinto) e no chocolate amargo,
outros dois alimentos que rompem com o paradigma de que bons nutrientes só podem
ser oriundos de frutas e verduras.
A
pesquisa ainda afirma que as partes mais escuras da pipoca (aquela casquinha que
gera desconforto quando fica presa entre os dentes) são as mais ricas em polifenol
e fibras.
Agora cabe
a nós analisarmos essas informações à luz da bioquímica, começando antes de
tudo a entender o que são exatamente os polifenóis e quais seus mecanismos de
atuação no combate ao estresse oxidativo.
Os
polifenóis correspondem a um grande e diversificado grupo de moléculas
compostas por múltiplos grupos funcionais do tipo fenol e detentoras de um
elevado poder redutor (de onde advém a sua propriedade antioxidante).
Os dois
principais mecanismos empregados pelos polifenóis na sua ação antioxidante é a captura
de espécies radicalares e a quelação de íons metálicos (tema que
será abordado com mais propriedade em futuras postagens):
·
A captura de espécies radicalares se dá frequentemente
por meio da transferência de prótons de hidrogênio para as espécies radicalares
de tal sorte que ocorra a formação de um composto estável e consequente perda
das propriedades altamente reativas desses últimos.
·
A quelação de íons metálicos, principalmente de
cobre e ferro, consiste na ligação do polifenol com tais átomos de modo a
impedir a disponibilidade destes últimos para as reações de Fenton,
responsáveis pela produção do altamente reativo radical OH* (a última postagem
da colega Ingrede Lobato aborda reações dessa natureza http://bioradicaislivres.blogspot.com.br/2012/06/relacao-entre-radicais-livres-e-metais.html).
É necessário salientar que os
polifenóis nem sempre atuarão como antioxidantes. Há relatos de que uma
ingestão excessiva desses compostos pode ter um efeito pró-oxidante. A partir
de tal informação pode-se inferir que a ingestão excessiva de pipoca pode não ser
algo salutar.
Outra abordagem que cabe aqui se
refere à maneira como a pipoca geralmente é consumida: com elevado teor de
gordura, sendo assim altamente calórica. A minha primeira postagem neste blog alertava
aos riscos de um estresse oxidativo gerado por uma alimentação altamente
calórica (http://bioradicaislivres.blogspot.com.br/2012/05/uma-relacao-entre-dieta-hipercalorica-e.html).
Recomenda-se o preparo da pipoca na panela ao invés do micro-ondas, justamente
pelo fato da pipoca feita no eletrodoméstico ser mais gordurosa.
Todas essas informações concernentes às propriedades antioxidantes presentes na pipoca quando expostas ao público leigo por parte de certos meios de comunicação sem muita perícia para com a abordagem de informações científicas podem gerar interpretações equivocadas. Dessa forma, é preciso esclarecer que a moderação na ingestão desses alimentos se faz necessária, haja vista que em quantidades excessivas eles podem ter um efeito diametralmente oposto ao esperado.
Todas essas informações concernentes às propriedades antioxidantes presentes na pipoca quando expostas ao público leigo por parte de certos meios de comunicação sem muita perícia para com a abordagem de informações científicas podem gerar interpretações equivocadas. Dessa forma, é preciso esclarecer que a moderação na ingestão desses alimentos se faz necessária, haja vista que em quantidades excessivas eles podem ter um efeito diametralmente oposto ao esperado.
Fontes:
http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/6651/1/2006_Angelo%20de%20Queiroz%20Maurício.pdf
https://www.utilidadepublica.inf.br/2012/03/29/ciencia-a-pipoca-e-opcao-de-lanche-tao-saudavel-quanto-a-fruta/
http://www.anutricionista.com/os-polifenois-na-nutricao.html
revista Food Ingredients Brazil - n° 6 - ano 2009
Para estourar pipocas, utiliso óleo de côco extra-virgem e panela de pressão. Depois de prontas coloco uma pitada de sal, e algumas gotas de pimenta vermelha (tabasco). Acho mais saudável, além de saborosas!
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